arranca-me
tira de mim a foice arranca de mim o martelo mas não arranca de mim por mais que queira a palavra aprendida as dores logradas na pele
arranca de mim a vida mas saiba que, no dia seguinte, outros vinte nascem
arranca de mim uma lágrima mas não arrancará, nunca, a memória coletiva cravada a sangue inocente nas veias da História
arranca de mim tudo o que pode mas dorme sem saber que, no fundo, tudo o que pode é ainda muito pouco